Governo proibiu exportação de alguns itens para garantir abastecimento local; país expande cultivo de oleaginosas
As exportações de alimentos do Egito tiveram leve crescimento de 0,5% no ano passado em relação a 2021. Elas atingiram US$ 4,124 bilhões contra US$ 4,102 bilhões no ano anterior. O Conselho de Exportação para as Indústrias de Alimentos do Egito previa, no início de 2022, atingir alta entre 20% e 25%, mas as consequências da guerra russo-ucraniana impediram o setor de chegar à meta.
O engenheiro Hani Berzi, presidente do Conselho de Exportação para as Indústrias de Alimentos, disse em entrevista exclusiva à Agência de Notícias Brasil Árabe (ANBA) que a guerra da Rússia e da Ucrânia e a consequente crise na cadeia de suprimentos, somada à escassez de matérias-primas no mercado global, impediu que o setor alcançasse as taxas de crescimento previstas para o ano passado.
Ele destacou que o crescimento registrado é muito positivo e que mostra o verdadeiro potencial desse setor diante dos obstáculos que enfrentou durante 2022. Entre esses desafios, destacaram-se a imposição de uma proibição à exportação de várias commodities estratégicas, que representam 15% das vendas internacionais do segmento, entre as quais estão farinhas, massas e óleos comestíveis. A medida foi tomada para impedir problemas de atendimento ao mercado local.
Berzi disse que o setor foi bem-sucedido em garantir segurança alimentar ao Egito, não ocorrendo problemas com o abastecimento de quaisquer produtos alimentares. Além disso, as grandes taxas de crescimento registradas nas exportações para a União Europeia, que aumentaram em 31%, e para os EUA, que subiram 24%, evidenciam a crescente confiança mundial nos produtos egípcios e sua capacidade de alcançar os mais altos níveis de confiabilidade e segurança alimentar.
A Arábia Saudita ficou em primeiro lugar entre os países que importaram da indústria de alimentos do Egito em 2022, com US$ 370 milhões, seguida pelos EUA, com US$ 277 milhões, pela Líbia, em terceiro lugar, com US$ 218 milhões, a Palestina, em quarto lugar, com US$ 207 milhões, e o Sudão, em quinto lugar, com US$ 182 milhões, de acordo com um relatório do Conselho de Exportação.
Em relação à formação da Hub Árabe de Alimentos, o presidente do Conselho de Exportação para as Indústrias de Alimentos do Egito ressaltou que o conselho está sempre em busca de oportunidades para aumentar as exportações das empresas associadas. Ele disse que não há dúvida de que o mercado árabe é muito importante para as empresas egípcias e responde por quase metade das exportações do setor. Segundo ele, a integração entre os países árabes contribui para aumentar as exportações do setor, especialmente porque o Egito é o maior produtor de alimentos na região.
O governo do Egito pretende expandir o cultivo de oleaginosas, tais como milho e soja, e estimular o desenvolvimento da indústria de óleos vegetais no país. O primeiro-ministro Mostafa Madbouly realizou reuniões ao longo de dois dias com autoridades do Ministério da Agricultura e Recuperação de Terras e Ministério do Abastecimento sobre o assunto. O objetivo é proteger o mercado egípcio das flutuações e dos altos preços do óleo e dos insumos para a produção de ração.
O primeiro-ministro egípcio salientou o interesse do governo na formalização de contratos de safra para as culturas estratégicas, como é o caso das oleaginosas, em um esforço para assegurar o atendimento à demanda no país. O ministro da Agricultura e Recuperação de Terras do Egito, Mohamed Sayed El-Quseir, disse que esse sistema já é aplicado em três culturas, que são trigo, cana-de-açúcar e beterraba, e também já foi iniciada alguma produção com contratos para milho e soja.
O cultivo contratado é quando o governo anuncia uma garantia de preço para culturas estratégicas antes do plantio. Em caso de queda de preços nos mercados local ou internacional, o governo arca com a diferença para apoiar e incentivar os agricultores na expansão e retorno financeiro com o cultivo.
El-Quseir sugeriu que a Autoridade para Abastecimento de Commodities, entidade afiliada ao Ministério do Abastecimento, anuncie uma garantia de preço para o milho, como é feito com o trigo. Há um entendimento, no entanto, que é necessária a criação de uma entidade para lidar com tudo que é relacionado aos contratos de safra ou à importação das commodities, a fim de estabelecer o equilíbrio necessário nos mercados e fornecer uma variedade de commodities a preços razoáveis.
O primeiro-ministro orientou que seja feito o anúncio de uma garantia de preço para as culturas de milho e soja, desde que o preço das commodities na bolsa de mercadorias local seja levado em consideração no momento do abastecimento. Madbouly explicou que estão em curso trabalhos para a constituição de uma entidade que forneça ao mercado uma porcentagem de ração a preços razoáveis.
Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe
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